Nunca falámos tanto de feminismo como agora. No entanto, e
apesar de ser totalmente a favor da causa, o facto de falarmos disto não está a trazer só coisas boas. Penso que isto acontece sempre que algum tema está em
voga. Há sempre exageros, fundamentalismos e pessoas que aproveitam para surfar
a onda em proveito próprio (sim, Capazes, estou a falar de vocês). Antes de me
alongar sobre isto, faço já o disclaimer:
- Eu sou feminista [se forem ver o significado de feminismo original, vêem que é só parvo não ser].
- O feminismo é necessário.
- Feminismo NÃO é machismo.
Posto isto, não gosto do novo
feminismo (será que isto existe?), que é proclamado especialmente por privilegiadas,
que se batem por coisas parvas e acham que basta usar uma t-shirt a dizer
feminista e ir para as redes sociais mandar umas postas de pescada que já merecem o título de melhor feminista
alguma vez vista. LOL [eu sei que é infantil dizer lol – let me be] Tudo isto em que se transformou o feminismo nos últimos
anos é ridículo e diminui a causa. Assim de repente lembro-me da triste
polémica dos livros da Porto Editora, um excelente exemplo de first world problem.
Por que é que a existência do feminismo ainda se justifica
nos dias que correm? Porque nem toda a gente vive como nós vivemos, porque
ainda há inúmeras
violações na Índia, porque ainda há muitas meninas a serem mortas
pelos próprios progenitores na China, porque ainda se pratica a excisão
feminina na Somália. E em Portugal,
não há atentados às mulheres? Claro que sim, basta ver as notícias sobre a violência
doméstica (que afeta maioritariamente mulheres).
Apesar das injustiças que ainda se cometem contra as
mulheres e do muito que o mundo precisa de evoluir para chegarmos à igualdade
de direitos entre os géneros, eu não escolhia ser homem se tivesse tido
oportunidade de escolha. Adoro ser mulher, sempre adorei. Gosto da nossa
complexidade emocional, do facto de sermos nós a conceber um bebé, de podermos
brincar muito mais com o nosso estilo.
Ser mulher tem tantas coisas boas! Até a nível sexual. Pode
ser mais difícil lá chegar para nós, mas o orgasmo feminino é bem mais
interessante que o masculino. Eles não têm dois tipos de orgasmos diferentes
nem a possibilidade de ter orgasmos múltiplos. Também existe a questão dos
bebés, que pode ser encarada como negativa ou positiva. Eu pessoalmente acho
incrível (e até mágica) a capacidade que a mulher tem de fazer um ser humano
crescer dentro de si.
Nunca me senti menos válida por ter nascido mulher. Mas já
senti alguns efeitos negativos decorrentes dos preconceitos que a sociedade
ainda tem em relação às mulheres. Sei o que é sofrer assédio e a merda de
sentimentos que isso gera (há sempre uma sensação de culpa, de que não soubemos
reagir da melhor forma) e também sei o que é ser rotulada pelos outros só por
ser mulher. Sim, aquela velha questão de colocarem as mulheres em duas
categorias: santa ou puta. Isto também é algo que está longe de acabar,
infelizmente.
De facto, acho que ainda existe muito preconceito em relação
às mulheres. Se uma mulher gosta de se arranjar e de fazer compras, é estúpida.
Se uma mulher gosta de sair à noite e tem as suas curtes, é puta. Se a mulher
tem boas notas e é ambiciosa, é marrona e chata. Se uma mulher é confiante, é
uma vaca convencida. Se uma mulher gosta de beber, é uma foliona degenerada – not girlfriend material.
Os exemplos poderiam continuar. Honestamente
nunca quis saber e tantas vezes me disseram que eu não era nada como pensavam *suspiro
de fastio*. Mas por não querer saber, não raras vezes fui julgada erradamente e
sofri na pele essas ideias feitas. Temos pena, jamais irei deixar de viver nos
meus termos por causa do que os outros pensam (e ninguém quer saber assim tanto
dos outros, anyway, só para cuscar).
Comecei este post a falar sobre feminismo e dou por mim a
falar do que é isto de ser mulher. É complexo e é diferente para todas, I guess. Mas algo que eu não suporto é quem
se autoproclama de feminista, mas depois não age em conformidade. Partilhas
artigos das Capazes, mas depois fazes tudo em casa enquanto o teu namorado não
mexe uma palha? Desculpa, mas não és uma feminista.
Penso que esta questão da igualdade de direitos entre os
géneros seria muito mais simples se todos nós nos comportássemos nesse sentido.
Começa por não deixarmos que o sexo dite as nossas limitações. Pelo menos eu
sempre acreditei nisso. Talvez por ter crescido numa casa cheia de mulheres,
onde essa questão nunca foi uma questão sequer.
Polémicas à parte, o feminismo deve ser assunto e deve ser
falado, pelo menos enquanto houver tanto por fazer. Mas, por favor, não reduzam
isto a polémicas idiotas. Nem veiculem extremismos. O que é isto de “future is
female”? Não, para mim o futuro não é masculino nem feminino, é de ambos. No
futuro isto tudo vai ser uma não questão, ou pelo menos assim espero.
O que tenho vestido:
Top - Mango Outlet (Freeport)
Calças - Zara
Blazer - Zara
Sandálias - Pull&Bear
Mala - Mercer da Michael Kors
Óculos - Ray-Ban
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