No outro dia pediram-me para falar dos livros que ando a ler. Curiosamente, este ano decidi colocar-me um desafio no Goodreads (é a rede social dos nerds - só se fala de livros), ler 40 livros ao longo de 2016. Até não parece muito, dado que tenho todo um ano para o fazer. No entanto três meses já lá vão e ainda só li quatro livros (e tenho outros dois a meio, vá). Portanto estou a ver que não vai ser assim tão fácil, afinal. Depois também se metem as séries... E quando eu fico viciada numa série, não vejo mais nada à frente. Mas isso fica para um outro post.
A amiga genial de Elena Ferrante - Se costumam entrar em livrarias, de certeza que já repararam neste livro, que tem estado consistentemente nos tops e em destaque. Eu, a conselho e insistência da minha mãe, que faz questão de me deixar livros na mesinha de cabeceira para eu ler, comecei a lê-lo esta semana e já vou a meio. É uma escrita crua, sobre a história de duas amigas que vivem em Nápoles, no meio de violência e precariedade. Mas o que impressiona verdadeiramente aqui é mesmo a honestidade da escrita, que agarra e faz querer ler mais e mais. A colecção Nápoles é composta por quatro livros e a minha mãe diz que vai ficando cada vez mais interessante à medida que se avança nas páginas. Logo vos digo. Curioso é o anonimato da autora, que o mundo não faz ideia quem seja, mas que já bebe das suas palavras desde a década de 90. Ela afirma que assim tem outra liberdade criativa e que a sua identidade em nada contribui para enriquecer as suas histórias.
Porque escolhi viver da Yeonmi Park - Este foi, sem sombra de dúvida, o livro que devorei mais rapidamente este ano e que me marcou mais também. A história auto-biográfica de Yeonmi, que depois de passar pelo inferno na terra, conseguiu fugir da Coreia do Norte, agarra, comove e deixa uma pessoa a pensar. É um relato honesto e cru sobre a realidade de um país infernal, em que os direitos inalienáveis do ser humano são um conceito abstracto. Quando peguei no livro tive receio que a história resvalasse para o lamechas e que fosse demasiado triste e piegas para o meu gosto. Preconceitos parvos que em nada se verificaram. É uma história de resiliência e de força do espírito humano que, além disso, ainda é viciante ao ponto de não se conseguir parar de ler até ao fim, o que actualmente tenho dificuldade em dizer acerca de muitos livros.
Eu experimentei as dietas dos famosos e sobrevivi de Rebecca Harrington - Nunca falei muito disso por aqui, mas eu sou um tanto ou quanto nerd da nutrição e adoro 'devorar' (termo interessante) livros sobre o tema. Além disso, tenho alguma curiosidade acerca das dietas das celebridades e como é que estas (ou uma maioria destas) conseguem estar sempre esbeltas e em forma. Por isso ontem tive de fazer algum tempo na Fnac e peguei no livro da jornalista do New York Magazine, que se aventurou a fazer 14 dietas de celebridades várias, como a Marilyn Monroe e a Victoria Beckham. E eu admiro-lhe a coragem. Porque, ao passo que a dieta da Gwyneth Paltrow parece bastante aprazível (apesar de cara), a dieta da Dolly Parton deu-me vontade de vomitar. Em suma, é um livro que se lê em pouco mais de uma hora e que está longe de valer os 14€ que pedem por ele. Mas achei graça aos relatos e ficou a vontade de ler mais.
Toda a luz que não podemos ver de Anthony Doerr - Andava de olho neste livro desde que li o vencedor do Pulitzer de 2014, O Pintassilgo de Donna Tartt. Toda a luz que não podemos ver venceu o Pulitzer em 2015, assim como outros prémios, por isso deixou-me expectante para o ler desde o momento em que chegou às livrarias. Apesar de a sinopse não me seduzir por aí além, decidi ignorar isso e seguir. [Mais uma história sobre a 2ª Guerra Mundial? Parece que já se disse tudo o que havia a dizer sobre isso.] Fiz mal. Porque, devido à minha teimosia, li impacientemente as 520 páginas até ao fim. E detestei. É extremamente descritivo, mas em mau. O autor alonga-se acerca de tudo e mais um par de botas e parece que nunca se chega a lado nenhum (apenas ao bocejo). O suposto clímax da história é tão rápido e pouco entusiasmante, que se acaba o livro com uma sensação de vazio, do género 'tanta coisa para isto?'. Não, não aconselho a leitura de "um dos melhores livros de 2014".
Uma rapariga endiabrada de Nick Hornby - O Nick Hornby é um excelente argumentista que conta com vários êxitos na manga, como About a boy, High Fidelity e An Education (que eu A-M-O). Por isso foi com curiosidade que peguei no livro dele mais recentemente traduzido para português, Funny Girl. E o que é que eu tenho a dizer sobre ele? Bem, nada de especial. Gostei de ler sobre a rapariga ambiciosa que fez de tudo para se 'encontrar' e alcançar os seus objectivos profissionais. Se alguém na casa dos vinte não se identificar com esta premissa, então não sei o que anda a fazer da vida. No entanto, a segunda parte do livro já não me fascinou por aí além. Acho que deve ser mais interessante para quem é fã de sitcoms de comédia ou quem está realmente inteirado acerca do assunto. Eu achei demasiado exaustivo e uma tentativa de passar algo que devia estar no ecrã para uma folha de papel. Ninguém quer assistir ao relato de Breaking Bad, mas sim à série em si, certo? Em suma não é um mau livro, mas também não o recomendaria. Lê-se, é o que tenho a dizer.
Very Typical de Paulo Almeida, Manuel Cardoso, Rui Cruz e Rui Sinel de Cordes - Quem me acompanha na página do Facebook deve-se ter apercebido que participei algumas vezes na série de comédia Very Typical (da Sic Radical). A razão é que esta é escrita, também, pelo meu namorado, o comediante Paulo Almeida. E se não sabem do que estou a falar, deviam ir ver, porque é hilariante a forma como a série retrata os hábitos portugueses. Depois desta surge o livro, também escrito pelos guionistas da série, que vale muito a pena ler. Porque, além de tudo aquilo que se viu na TV, ainda acrescenta muito conteúdo (tal como se espera de um livro), sem perder nada no factor entretenimento.
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