Gossip Girl |
No outro dia, uma amiga minha disse-me que o sobretudo que comprou na Zara no ano passado já está a dar de si. E, convenhamos, os sobretudos da Zara não são baratos. Eu disse-lhe que ela deve ir à loja, porque a roupa, como qualquer bem móvel, tem dois anos de garantia. Ela não fazia ideia e disse-me que devia falar sobre isso no blogue. E aqui estou eu, a fazer verdadeiro serviço público (não precisam de agradecer).
Na verdade, se há coisa que me irrita é comprar alguma coisa e passado pouco tempo estragar-se. E infelizmente isso acontece-me muitas vezes. Juro que tenho mesmo azar. Só este ano devo ter trocado uns quatro pares de sapatos na Zara. Que fornece um óptimo serviço de apoio ao cliente, por acaso. Mas dá-me ideia que pouca gente o faz. Pouca gente sabe os seus direitos. Por isso aqui vai um ajudinha.
- Todos os bens móveis têm dois anos de garantia. Isto inclui roupas, sapatos, gadjets, etc. No caso dos imóveis, a garantia é de cinco anos. Eu guardo todos os talões das minhas compras numa pasta, durante muito tempo, e acreditem que já fui lá buscá-los.
- Caso um produto tenha defeito, a loja tem o prazo máximo de trinta dias para reparar ou substituir o produto. Caso não o faça, é obrigada a devolver o dinheiro. Quando um produto é substituído, o novo produto tem a mesma garantia que qualquer outro, a de dois anos. Por exemplo, no final de 2012 comprei um ferro para esticar o cabelo. A meio de 2014 estragou-se. Deram-me outro em substituição. Fiquei com outra garantia. O novo também já está nas últimas (não vale mesmo nada, também aconteceu a outras amigas minhas), portanto está na hora de ir à loja outra vez.
- Os sapatos também têm garantia. Na primavera passada comprei umas sabrinas douradas que começaram a 'descascar' com dois meses de utilização. Estavam horríveis e é óbvio que na Zara me disseram que tinham sido muito usadas. Não, não foram muito usadas. Foram usadas normalmente e, não sendo de boa qualidade, não aguentaram nada. Não me trocaram logo, portanto fui a uma segunda loja. Como tinha passado algum tempo não me devolveram o dinheiro, mas deram-me um cartão da Zara com esse dinheiro para gastar (oh que chatice, que dificuldade gastar dinheiro na Zara! Snif snif).
- Nas lojas vão sempre tentar dar-vos a volta. Não vos dizem o que está nos vossos direitos e tentam sempre manipular o cliente de forma a favorecer a loja. É normal. Errado, mas normal. Portanto temos de nos precaver. Conhecer os nossos direitos e ser firmes. Caso não resulte, pede-se para se falar com o gerente. Em último caso, existe sempre o livro de reclamações. Em Portugal parece que é mal visto quem recorre a ele. Como se estivesse a ser mesquinho, não se preocupasse com os empregos das pessoas, etc etc. Não se deixem intimidar. O livro de reclamações existe para conferir protecção aos consumidores e deve ser utilizado quando sentimos que estão a passar por cima dos nossos direitos.
- Se uma peça tem defeito, independentemente da peça que é, o dinheiro deve ser devolvido. Imaginemos a seguinte situação. Compram uma mala que gostam num sítio onde não gastam de mais nada - nem tão pouco têm intenção de adquirir outra coisa de lá. Volvidos dois dias, a mala começa a abrir-se toda, demonstra ter claramente defeito de fabrico. Vão reclamar à loja, como manda a lei e a empregada torce o nariz e diz que não têm mais malas como a vossa e que deve ter sido mal utilizada. Apesar do descontentamento aparente (como se a culpa fosse vossa), acede a trocar a mala por outro produto de valor igual ou superior. Ora, vocês não gostam de mais nada. Queriam um produto, este tem defeito e a loja nem sequer tem uma solução isso. Levam outra coisa para casa só porque sim ou exigem o vosso dinheiro? Se eu não tivesse sido firme, no passado já me tinha acontecido a primeira situação. Os lojistas vão sempre tentar sair beneficiados (especialmente em lojas pequenas, não tanto numa Zara).
- Outro ponto importante, apesar de roçar o absurdo: caso vão fazer uma reclamação, esforcem-se por ir apresentáveis. Não sei se já tiveram essa percepção, mas os lojistas tiram a pinta às pessoas, como se a conta bancária estivesse espelhada na roupa, cabelo ou maquilhagem. Enfim, é realmente absurdo, mas eu noto diferença de tratamento quando vou menos ou mais arranjada.
- Outra questão que deve ser esclarecida. Muitas vezes os lojistas alegam não poder proceder à reparação e/ou substituição do bem por causa da falta de talão. Se houver outra forma de provar a compra, como um comprovativo da transacção do multibanco, a loja é obrigada a satisfazer o pedido do cliente.
É importante estarmos cientes dos nossos direitos, não só como consumidores, mas no geral. Muita gente desconhece também os seus direitos enquanto trabalhadores, o que também pode ser muito prejudicial. Penso que seria mais importante abordar estas questões na escola do que aprender a fazer cartolinas, por exemplo, mas isto sou eu. Não tendo aprendido, num mundo informatizado e com tudo à distância de um clique, é fácil não nos deixarmos 'comer por parvos', desconhecendo os nossos direitos.
2 Comentários
Excelente artigo! Todos devíamos conhecer melhor os nossos direitos enquanto consumidores. Continue assim!
ResponderEliminarMuito obrigada, Mariana! Espero que continue a passar por aqui :)
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