Christmas Actually

Falta exactamente um mês para o Natal, portanto os resmungões já não podem dizer que não faz sentido entrar no espírito. Faz pois! E, para tal, nada como ver um dos filmes mais festivos de todos os tempos. 


Há quem diga que está cheio de clichés e que representa mal os portugueses. Sim, representa-nos mal. Pela parte que me toca não fiquei ofendida, simplesmente não me identifiquei. Acho que o que interessa aqui é ser uma boa comédia romântica, que conta com um belíssimo elenco e um ambiente bem natalício.


Como não adorar o cínico Billy Mack que está a tentar a todo o custo voltar à ribalta, mas que não consegue evitar admitir que o seu novo álbum não vale nada? É como se fosse o Grinch versão rock and roll. Esta frase dele ainda me faz rir: "Hi kids! Don't buy drugs - become a rock star and they give you them for free."


E momento em que o Hugh Grant a.k.a primeiro-ministro protagoniza uma das danças mais hilariantes de sempre do cinema? Acho que todos já tivemos esses 'momentos privados' que tentamos disfarçar quando somos apanhados, mas o facto da dança ser mesmo pateta e de ele ser primeiro-ministro torna tudo mais engraçado.


Admito que não é correcto um tipo atirar-se à mulher do melhor amigo. E também admito que possa ser meio creepy a forma como ele decidiu declarar a sua paixoneta secreta. Mas a cena está tão bonita! Racionalizações à parte, como não gostar?


Para começar a Emma Thompson e o Alan Rickman são excelentes actores. Aliás, uma coisa é inegável, este filme tem um elenco de luxo. A história que protagonizam não tem propriamente um final feliz, mas é isso que confere uma certa riqueza ao filme, que vai além do género. É um filme sobre amor. E, neste caso, sobre o fim ou o esmorecimento do amor.


Esta é talvez a história menos verosímil de todas. Os tipos mal comunicaram e ele pede-a em casamento? E depois, claro, toda aquela fantochada quando ele vai à procura da Aurélia e o pai e a irmã dela acabam a dar-lhe um beijo na boca. Nós não fazemos isso, ok? Não olhando a isso, a história tem um quê de querido e acho que tenta mostrar que o amor não tem língua (ou idioma, não sejam tarados).


A história do Sam e do padrasto também é amorosa. Quem é que não teve paixonetas na infância que quase faziam partir o coração? É uma idade em que se vive tudo com muita intensidade e, claro, ingenuidade. E isso é bem transmitido no filme. E ver o Liam Neeson nesse papel também é engraçado, por ser tão atípico. 


Fui ver este filme ao cinema quando estreou, em 2003. Sim, já foi há doze anos! Desde aí já o vi várias vezes, especialmente por esta altura. Mas não sabia disto (acompanhem-me nerds) até agora:

- As cenas iniciais filmadas no aeroporto são reais. A equipa gravou-as primeiro e só depois é que pediu autorização às pessoas para as incluir no filme.

- Originalmente o filme continha catorze histórias de amor, mas quatro acabaram por ser cortadas.

- O Kris Marshall, que interpreta o Colin Frissell, recusou-se a receber pela cena em que é despido pelas três raparigas americanas. Devolveu o cheque desse dia de gravações porque disse que se divertiu demasiado para merecer ser pago. Ao todo foram necessários 21 takes para concluir a cena, portanto dá para imaginar o quão se divertiu.

- Não era suposto a Claudia Schiffer aparecer realmente no filme. O realizador queria arranjar uma actriz parecida com ela, mas, como não encontrou, acabou por a convidar e ela aceitou.

- O Hugh Grant fartou-se de resmungar por causa da cena da dança.

- Em 2005, o próprio Tony Blair fez uma referência acerca do discurso patriótico que o Hugh Grant faz no filme, quando discute a 'relação especial' entre Inglaterra e os Estados Unidos: "I know there's a bit of us that would like me to do a Hugh Grant in Love Actually and tell America where to get off. But the difference between a good film and real life is that in real life there's the next day, the next year, the next lifetime to contemplate the consequences of easy applause."

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